terça-feira, 17 de março de 2020

Comunicado aos frequentadores

As nossas palestras públicas das sextas-feiras (20h) e dos domingos (9h) estão sendo transmitidas através do nosso canal Casa dos Espíritas, no Youtube.
Para acessar e assistir digite no seu navegador (Chrome/Firefox/outros) este endereço:
https://www.youtube.com/@CasadosEspiritas
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- Você notará abaixo do lado direito um pequeno retângulo em vermelho inscrito nele INSCREVER-SE. Clique neste botão e depois ele mudará para INSCRITO;
- Você notará que tem um sininho do lado e ao dar um clique nele aparecerá outros três sininhos escrito à frente: “Todas”, “Personalizadas” e “Nenhuma”.
- Ao clicar em “Todas”, você passará a receber uma informação do youtube (via email) de que estamos iniciando uma nova transmissão ao vivo.
Este procedimento poderá ser feito em seu computador ou no celular.
Agradecemos pela compreensão e que Deus Nosso Pai e Jesus Nosso Mestre e Irmão Maior nos abençoe a todos nós neste momento.

A Diretoria
Casa dos Espíritas - Lins (SP)


domingo, 31 de março de 2019

Conflito existencial: ser pessoa


Assisti, em um programa de televisão, um psicólogo lidando com a problemática entre a mãe e a filha de dezesseis anos.
O comportamento da mãe, revelado por sua postura e por suas palavras era da filha que foi certinha e boazinha, acatando sempre, ou quase sempre, as ordens do pai e da mãe. Também na escola fora das melhores alunas. Em sociedade procurara pautar a sua vida de forma correta, como estabelecido pelos padrões culturais e de mídia da época.
A filha mostrou-se contestadora da mãe e rebelde, relativamente a padrões impostos pela sociedade do que seja a menina “boazinha”, boa filha, estudiosa e obediente à mamãe e ao papai. Usava “piercing”, para contrariar a mãe, vestia-se de forma a ser diferente do padrão usual e dizia que queria ser livre e fazer o que quisesse, desde que não prejudicasse ninguém.
Intermediando o confronto, através dos argumentos, entre mãe e filha, o psicólogo não julgava, através de valores, quem estava certa ou mais certa: a filha ou a mãe.
No decorrer dos diálogos percebi que, em verdade, as duas estavam sofrendo muito.
A mãe no desespero de querer uma filha “certinha” como ela fora.
A filha querendo, com a sua atitude “rebelde” mostrar para a mãe como ela fora omissa, até a sua atual idade, no relacionamento com ela, querendo cumprir apenas o seu ritual papel de mãe.
As duas não estavam querendo “fazer mal” uma a outra, mas não estavam se entendo, por falta de “intimidade”.
Cada uma tinha os seus motivos conscientes e muito mais “inconscientes” da maneira como se comportavam.
Para a mãe o psicólogo procurou mostrar como ela, não intencionalmente, no seu papel formal de mãe não conseguira “enxergar” a filha como uma “pessoa”.
À filha procurou conscientizá-la de que não era apenas sendo “diferente” para agredir a mãe que ela seria reconhecida como uma “pessoa”.
Claro que a questão entre as duas não era de fácil solução, nem de solução pronta.
Cabe, para as duas a terapia psicológica individual e, mesmo a familiar, para que possam sair dos “efeitos emocionais e sentimentais” e atingirem a raiz dos conflitos íntimos vividos por elas e também os conflitos da convivência.
Sob outro ângulo o conhecimento da realidade espiritual também as ajudaria muito, pois também nessas situações encontramos o reflexo de dramas originados em encarnações passadas.
Nestas breves reflexões não vou, nem poderia adentrar a dramaticidade da situação e o caminho para solução do conflito.
Quero, apenas, refletir sobre o ponto que se constituiu fundamental no interessante diálogo e na “terapia brevíssima”: – “ser pessoa”.
Alerta-nos o psicólogo espírita Adenauer Novaes: “Qualquer pessoa tem o direito de ser feliz e de mudar o seu próprio destino sem que para isso tenha que se tornar inconsequente. Tanto a rigidez da personalidade quanto a excessiva liberdade prejudicam sua felicidade...
Tornar-se uma pessoa feliz é uma proposta que deve levar o indivíduo ao encontro de si mesmo, de sua essência mais íntima.
Uma pessoa necessariamente não é alguém que tem títulos, conhecimentos intelectuais, coisas ou goze de certo prestígio. É alguém que sabe ser gente, quando apenas isso é o necessário.
Seja feliz sendo uma pessoa. Apenas uma pessoa. Um ser que está no mundo para viver nele, como alguém que se sente intimamente ligado às pessoas, ao Universo e a Deus.” (Felicidade sem Culpa, Capítulo Psicologia da Pessoa)
Ser pessoa é estar no mundo aqui e agora, mas estar, também, no Universo, no tempo da Eternidade.
Seja pessoa, - você é uma criatura de Deus.

Aylton Paiva

Aylton Paiva é estudioso da Doutrina Espírita para sua aplicação na pessoa e na sociedade (www.ayltonpaiva.blogspot.com).

domingo, 24 de março de 2019

Desperta (Sobre o tempo)


Desperta, ó tu que dormes, levanta-te dentre os mortos e Cristo te iluminará. Andai prudentemente, não como néscios e, sim, como sábios, remindo o tempo, porque os dias são maus. Não vos torneis insensatos, mas procurai compreender qual é a vontade do Senhor. (Epístola aos Efésios, 5:14-17)

Considerando o tempo como o grande tesouro que Deus nos oferece em favor de nossa evolução, onde estivermos poderemos adquirir valiosos patrimônios de experiência e conhecimento, virtude e sabedoria, se não deixarmos que se escoem os minutos, as horas, os dias, os anos, mergulhados no sonambulismo que caracteriza tanta gente, que dorme o sono da indiferença, sob o embalo da ilusão.
O século marca, extrinsecamente, o período de uma vida, valioso patrimônio que Deus nos oferece para experiências evolutivas na Terra.
Mas o valor intrínseco, real do século dependerá do que fizermos dos três bilhões, cento e cinquenta e três milhões e seiscentos mil segundos que o compõem.
A bondade, o amor, a ternura, a mansuetude, a humildade, a compreensão, a paciência, a fé, são valores que “compramos” à custa de dedicação, renúncia, sacrifício, esforço, mas são inalienáveis, jamais os perderemos, habilitando-nos à alegria e à paz onde estivermos, vivendo em plenitude.
Todavia, se não fizermos bom uso do tempo, um século poderá representar para nós mera semeadura de inconsequência e vício, rebeldia e desatino, com colheita obrigatória de sofrimentos e perturbações. Imperioso, portanto, que aproveitemos as horas.
Podemos começar com o que há de errado em nós.
O vício, por exemplo, não representa apenas perda, mas, sobretudo, comprometimento do tempo, com repercussões negativas para o futuro.
Quantos minutos perde o fumante, por ano, no ritual das baforadas de nicotina? Quantas horas precisa trabalhar para alimentar o vício e pagar o tratamento de moléstias que decorrem dele? Quantos dias abreviará de sua existência por comprometer a estabilidade orgânica? Quantos anos sofrerá depois, com os desajustes espirituais correspondentes?
E o maledicente, quantos minutos perde diariamente, divagando sobre aspectos menos edificantes do comportamento alheio? E quantas existências gastará depois, às voltas com males que, a custa de enxergar nos outros, sedimentará em si mesmo?
O propósito de vencer um vício, a contenção da língua, a disciplina da palavra e das emoções, os ensaios de humildade, o treinamento da paciência, a disposição de aprender, o desejo de servir e muito mais, devem fazer parte de nosso empenho de cada dia.
Afinal, Deus nos oferece a bênção do Tempo para as experiências humanas, mas fatalmente receberemos um dia a conta pelos gastos, na aferição de nossa vida, como explica Laurindo Rabelo no notável soneto “O Tempo”.

Deus pede estrita conta do meu tempo,
É forçoso do tempo já dar conta;
Mas, como dar sem tempo tanta conta,
Eu que gastei sem conta tanto tempo!

Para ter minha conta feita a tempo
Dado me foi bem tempo e não fiz nada.
Não quis sobrando tempo fazer conta,
Quero hoje fazer conta e falta tempo.

O vós que tendes tempo sem ter conta,
Não gasteis esse tempo em passatempo:
Cuidai enquanto é tempo em fazer conta.

Mas, ah! se os que contam com seu tempo
Fizessem desse tempo alguma conta,
Não choravam como eu o não ter tempo.

Richard Simonetti
e-mail: richardsimonetti@uol.com.br

domingo, 17 de março de 2019

A Lei da Conservação


Ricardo leia a questão nº 703 de O Livro dos Espíritos, de Allan Kardec, disse Luciano.
O Grupo Espírita de Estudos Sociais, já estava reunido.
-   “ Com que fim outorgou Deus a todos os seres vivos o instinto de conservação?
- Porque todos têm que concorrer para cumprimento dos desígnios da Providência. Por isso foi que Deus lhes deu a necessidade de viver. Acresce que a vida é necessária ao aperfeiçoamento dos seres. Eles o sentem instintivamente, sem disso se aperceberem.”
- Como vocês observam, - comentou Luciano, - todos os seres vivos possuem o instinto de conservação, qualquer que seja o grau de inteligência, pois a vida é necessária ao aperfeiçoamento dos seres.
O existir e o aperfeiçoar-se através do desenvolvimento de suas potencialidades são forças inerentes aos seres, pois atendem aos reclamos da Lei da Evolução.
- Mas em nome do instinto de conservação teria o ser humano o direito de avançar sobre a natureza, extinguindo com espécies vegetais e animais, como está ocorrendo na atualidade? – questionou Edvaldo.
- Não! De forma alguma, redargüiu Luciano. Observamos na questão 704 da obra que estamos estudando, o seguinte: “Tendo dado ao homem a necessidade de viver, Deus lhe facultou, em todos os tempos, os meios de conseguir e se ele os não encontra, é que não os compreende. Não fora possível que Deus criasse para o homem a necessidade de viver, sem lhe dar os meios de consegui-lo. Essa a razão por que faz que a Terra produza de modo a proporcionar o necessário aos que a habitam, visto que só o necessário é útil. O supérfluo nunca o é.”
A Terra produz de modo a proporcionar o necessário aos que a habitam não há, pois necessidade de destruir a natureza. O que encontramos aí é a ganância daqueles que colocam os seus interesses pessoais, os seus lucros acima do bem da coletividade e do próprio equilíbrio planetário.
- É mesmo, adiantou Narcisa, - Nos dias atuais, há paises que não desistem de lançar toneladas de gases poluidores da atmosfera e detritos industriais que contaminam os rios, lagos e os oceanos, sob a justificativa do progresso e da necessidade de gerar empregos. Em verdade, com suas leis, esses países estão protegendo os grandes conglomerados empresariais que visam exclusivamente o lucro.
- Você tem razão, - atalhou Luciano, - ao lado da abundância, do supérfluo, falta o necessário à massa humana dos marginalizados na sociedade. Nela encontramos a carência, a doença, a falta de habitação, a escassez de vestuário, a ausência de instrução e o trabalho humano. Essa massa contrasta com a minoria que detém o poder econômico. Tal é a situação em muitas partes do planeta, no chamado Terceiro Mundo. O Brasil também apresenta esse aspecto social, na periferia dos grandes centros urbanos e nas regiões socioeconômicas menos desenvolvidas.
- Então a escassez não está na Natureza? Interrogou Lúcia.
- Se você me permite, Lúcia, eu penso que embora a civilização amplie as necessidades, ela também aumenta as fontes de trabalho e os meios de viver. A Ciência e a Tecnologia vêm aumentando progressivamente a produção dos bens e à medida que se aplique a justiça social a ninguém faltará o necessário.
- É mesmo, Darci, você como economista e espírita estuda e entende muito bem esse assunto.
- Darci tem razão, - aditou Luciano. Esclarece o Espiritismo que para todos há um lugar ao sol, mas com a condição de que cada um ocupe o seu lugar e não o dos outros.
A Natureza não pode ser responsável pelos defeitos da organização social, nem pelos efeitos da ambição e do egoísmo.
Finalizemos com a afirmação dos Mentores Espirituais: “O uso dos bens da terra é um direito de todos. Esse direito é conseqüente da necessidade de viver. “ (Questão nº 711 de O Livro dos Espíritos, de Allan Kardec )
A preservação e o uso dos bens da Terra são direitos de todos os homens, conforme os princípios mais avançados da Justiça e do Amor, que já começam a ser consagrados em leis e já eram expressos pela Doutrina Espírita.
Na consolidação e aplicação desses direitos estejam atentas as forças do bem e a elas ofereçamos as nossas possibilidades de atuação.
- Puxa, depois dessa, Luciano, vamos ficar por aqui, pois há muito o que pensar e uma vastidão para agir.
-  Assim seja, - disse Luciano – sorrindo e encerrando a reunião.

Aylton Paiva

Aylton Paiva é estudioso da Doutrina Espírita para sua aplicação na pessoa e na sociedade (www.ayltonpaiva.blogspot.com).

domingo, 10 de março de 2019

Medicina pioneira


Ah!... doutor!... Eu queria tanto ter saúde, a fim de ser um pouquinho feliz!... — suspirava aquela senhora que se habituara a percorrer os consultórios médicos, presa de distúrbios diversos.
— Minha filha — responde bondosamente o experiente facultativo —, este é o erro de toda gente, porque não se trata de procurarmos ter saúde para ser feliz, e sim de procurarmos ser felizes para ter saúde. Somente as pessoas em paz com a vida, que guardam em seus corações a euforia de viver, é que desfrutam do equilíbrio físico e mental que todos almejamos.
— Mas doutor!... como manter a euforia de viver se a cada instante sou contrariada por aqueles que me rodeiam? Como sentir-me em paz com a existência se nunca alcancei a plena satisfação de tudo aquilo com que sempre sonhei? É impossível ensaiar sorrisos, se pisamos espinhos!...
— Você não sabe o que é felicidade. Julga que ser feliz é ver atendidos todos os seus desejos e necessidades. Mas, ainda que isso acontecesse, continuaria infeliz, porque novos desejos e novas necessidades surgiriam. Quando nos acostumamos a pensar muito em nosso bem-estar, tornamo-nos insaciáveis.
A felicidade não é nenhuma oferta gratuita da vida. Ser feliz é uma verdadeira arte a exigir, como todas as artes, muito esforço e dedicação para que a dominemos. Raros o conseguem porque os homens ainda se portam como crianças acostumadas a bater os pés e reclamar, em altas vozes, quando não lhes dão o brinquedo desejado.
— Vejo — interrompe a cliente — que o senhor me situa nesse rol de crianças! Bem... Talvez ele tenha razão... E se for, como proceder para tornar-me adulta? Diga-me também o que revela a maturidade no indivíduo.
— É simples — explica o médico. — O nosso crescimento mental começa quando aprendemos a olhar para dentro de nós mesmos, esforçando-nos por eliminar o que há de errado em nosso íntimo.
Se formos sinceros e usarmos da mesma acuidade que nos permite enxergar facilmente as deficiências alheias, acabaremos por identificar o mal maior de nossa personalidade, o grande culpado de nossa infelicidade. Chama-se egoísmo — sentimento desajustante que nos faz pensar muito em nós mesmos, com total esquecimento dos outros; que faz exijamos respeito, afeto, compreensão, sem nunca oferecê-los a ninguém...
A partir do instante em que, sentindo o imenso prejuízo que o egoísmo nos dá, nos esforçamos por eliminá-lo, começamos a ser adultos.
E o homem adulto — aquele que sabe ser feliz — é o que tem plena consciência de suas responsabilidades diante da vida e da sociedade em que vive, observando-as integralmente...
É o que jamais cogita em edificar um oásis particular, isolado do sofrimento e da miséria alheios, pois compreende que a solidariedade é um dever elementar, indispensável à edificação da paz no mundo, e à preservação da paz na consciência...
É, enfim, o que observa, plenamente, o velho ensinamento da sabedoria oriental: “Quando nasceste, todos sorriam e só tu choravas. Procura viver de forma que, quando morreres, todos chorem e só tu sorrias!”
***
Esta entrevista hipotética define bem o esforço pioneiro de alguns médicos esclarecidos, conscientes de que muito mais eficiente que prescrever medicamentos para o corpo é cuidar do espírito.
Os pacientes deixam seus consultórios com interessantes receitas: integrar-se em instituições de assistência social; participar de campanhas que visem ao bem-estar da coletividade; recolher livros ou discos para hospitais e prisões; angariar fundos para instituições socorristas; visitar doentes; atender necessitados; adotar órfãos.
Estes médicos colocam em prática as lições inesquecíveis de Jesus, que há dois mil anos já ensinava que a fórmula mágica do equilíbrio e da alegria é fazermos ao nosso semelhante o bem que desejaríamos nos fosse feito.

Richard Simonetti
e-mail: richardsimonetti@uol.com.br